Resumo do capítulo "Novos contextos de aprendizagem e educação online"

Títulos e sub - títulos do artigo:

Novos contextos de Aprendizagem e Educação Online

- A Educação Online e os novos espaços pedagógicos

- As Comunidades virtuais de aprendizagem e a “turma virtual”


Novos contextos de Aprendizagem e Educação Online

As novas tecnologias da informação e da comunicação tem trazido para a sociedade numerosas alterações, a nível profissional, de diversas actividades e consequentemente, no quotidiano mais trivial das sociedades.

No que diz respeito à Educação, as novas tecnologias têm vindo a criar a necessidade de equacionar não só o que é importante aprender, mas os modos em que se realizam as aprendizagens. A escola tem vindo a integrar estas mudanças, sendo que muito lentamente, pois torna-se inevitável que as formas de aprender e de ensinar sejam repensadas para que se desenvolva uma nova cultura de aprendizagem.

Esta nova cultura de aprendizagem deve responder às necessidades de formação e educação da sociedade actual, permitindo que a educação forneça novas referências sobre o que é fundamental aprender e o modo como se pode aprender.

No entanto, há que ter em atenção que não se trata apenas de utilizar as novas tecnologias e espera que a sua simples utilização prepara melhor e determina a melhoria das aprendizagens dos alunos. É importante realçar, que a tecnologia, por mais avançada que seja, não lhe tem inerente uma pedagogia. Dada a versatilidade das novas tecnologias, podem ter subjacentes diferentes filosofias de aprendizagem, mas cabe aos professores e alunos, reflectirem sobre que tipo de práticas pedagógicas pretendem veicular.

Alguns autores afirmam que a escola assimila as inovações tecnológicas, integrando-as nos sistemas pré-existentes, protegendo-se, assim, das mudanças que não se encontra preparada para realizar. Um destes exemplos é o computador, que muitas vezes é utilizado como um novo e moderno retroprojector, servindo essencialmente o modelo tradicional de transmissão de conhecimentos.

Estas questões levam-nos mais além do que pensar na simples integração das novas tecnologias na escola, pois a questão não reside em saber se as novas tecnologias favorecem ou não a aprendizagem, mas sim, no modo em como devem ser colocadas ao serviço dos projectos educativos, para que a educação seja um processo de desenvolvimento integrado, significativo e coerente, em que a escola seja uma organização que aprende e não apenas uma organização que ensina.

Para que tal aconteça, “é preciso que a instituição escolar se transforme numa comunidade dedicada à construção colectiva de significados, que passe a ser uma organização aprendente, capaz de aprender com os seus próprios erros.” (Melo, 2002, p.73).

É necessário, que a escola tome atenção aos contextos em que vivemos, pois os novos media tornam possíveis e requerem novos contextos de aprendizagem, fazendo com que a escola perca alguma da sua centralidade, deixando de ser vista como o único local onde se aprende.

A escola tem de constituir-se como uma instituição social que promove a formação pessoal, social e cultural das pessoas, enquadrada na nova cultura em que hoje vivemos e de acordo com um projecto de sociedade em que a educação seja encarada “não como um processo de treino e de adaptação, mas como um processo de compreender e intervir no mundo” (Canário, 2002, pp. 150-151).


-A Educação Online e os novos espaços pedagógicos

Não tem sido fácil a integração das novas tecnologias na Escola e na educação mas é um facto que a utilização crescente da Web está a romper com a tradicional utilização educacional das tecnologias. O potencial de interacção e comunicação da Web permite, actualmente, à construção e desenvolvimento de novos espaços pedagógicos, de ambientes de aprendizagem com características próprias, surgindo assim novas dinâmicas sociais e um novo conceito de sala de aula (o professor dá a aula mas enriquece esse processo com o uso de tecnologias interactivas, possibilitando que os alunos estejam presentes em muitos tempos e espaços diferentes) e de Escola.

No âmbito do ensino superior e da formação contínua, a integração das Tecnologias de Informação e Comunicação como tecnologias cognitivas e sociais é um processo de inovação pedagógica, utilizando as capacidades de comunicação e interacção destas ferramentas como prolongamento do tempo e do espaço da sala de aula presencial, o que possibilita a flexibilização de momentos presenciais com momentos de aprendizagem virtual.

Assim, a utilização da Web permite novas e relevantes capacidades formativas, assumindo um espaço de interacção e comunicação que estimula a partilha de experiências, o pensamento crítico, a criatividade, o trabalho colaborativo, a pesquisa, a realização de projectos, a sua apresentação e avaliação. O ciberespaço é um local propiciador de dinâmica social, e esta em coexistência com a dimensão cognitiva (as duas dimensões da Web: cognitiva e social) transformam a Web num “ecossistema propício à aprendizagem, propício ao desenvolvimento de novas formas de relação com o conhecimento e a novas formas de relação com os outros” (Quintas-Mendes et al., 2008, p. 104), possibilita assim a interacção com toda a rede de informação, originando um novo modelo de comunicação e um recurso educativo promissor.

Como refere Figueiredo (2001), o desafio dos novos media é o de construir comunidades onde a aprendizagem individual e colectiva se constrói. Deste modo, os media surgem como um novo espaço pedagógico, onde se constroem aprendizagens e se produzem conhecimentos, que podem responder às expectativas e necessidades de indivíduos e de grupos. E é nestes novos espaços pedagógicos que se efectiva a Educação Online e o e-learning. Tendo por base a definição de Feyten & Nutta (1999), a Educação Online dá-se quando a comunicação no ensino é mediada por um computador, ou seja, à distância, que pode ser síncrono (ocorre em tempo real) e/ou assíncrono (na situação de ensino-aprendizagem, o professor e aluno não se encontram em simultâneo). Morgado, em 2001, também afirma que “uma característica essencial do ensino online é a interacção que possibilita um tipo de aprendizagem que se inscreve nos paradigmas construtivistas, e que se diferencia de outras formas de ensino a distância” (p. 127). De facto, a educação a distância revolucionou e continua a revolucionar esta modalidade de ensino, assistindo-se a uma transformação de paradigma – terceira geração do ensino a distância – onde a criação de comunidades no ciberespaço permite que haja salas de aula virtuais e o espaço, o tempo e as relações ganham outros contornos pois a interacção diversifica-se e a aprendizagem atinge uma dimensão social. Assim, a utilização da Internet e a formação de comunidades virtuais de aprendizagem colaborativa permitem que o ensino a distância ganhe uma “sala de aula” onde existe uma interacção efectiva entre alunos e entre alunos e professores, o que aproxima as pessoas. A Educação online está a mudar o ensino a distância e também o ensino presencial e, assim, a realidade actual implica que ensinar e aprender se faça quer em sala de aula presencial quer em sala de aula virtual, não se circunscrevendo a um espaço e tempo determinados. Segundo Moran (2003) está em direcção uma aproximação entre a educação presencial (cada vez mais semi-presencial) e a educação a distância, possibilitando diversos modos de aprendizagem onde se pode associar o melhor do presencial com as facilidades e potencialidades do virtual.


-As Comunidades virtuais de aprendizagem e a “turma virtual”

A comunidade de aprendizagem é definida por Dias (2001) como “um sistema colaborativo e distribuído, que se forma pela interacção e que se efectua através da comunicação, orientada por objectivos de aprendizagem partilhados entre os seus membros.” (p. 27). Esta comunidade abrange uma cultura de participação colectiva entre alunos e professor que têm como finalidade objectivos comuns e pode desenvolver-se na sala de aula ou na Web. A característica específica desta comunidade é que existe uma cultura de partilha onde os saberes e competências individuais são colocados ao uso do percurso de aprendizagem do colectivo da comunidade, tratando-se, por isso, de contextos de aprendizagem inseridos nas perspectivas sócio - construtivistas, onde a aprendizagem é centralizada no aluno e a interacção entre pares e o contexto envolvente é relevante. Para Dias (2001) a Web assume-se como um contexto propício ao desenvolvimento de comunidades de aprendizagem, ambientes virtuais de aprendizagem que possuem um conjunto de especificidades, descritas de seguida:

-Comunicação em rede, sem limitações de tempo e distância

-Dinâmica de interacções entre o grupo

- Processos de comunicação colaborativa

- Acesso fácil, flexível e diversificado à informação

- Interacção com os conteúdos

- Comunicação síncrona e/ou assíncrona

- Utilização da escrita como meio principal de comunicação e interacção

- Vínculo social construído através da relação com o conhecimento

É ainda importante referir que a comunicação assíncrona permite um maior grau de reflexividade pois como as intervenções não ocorrem em tempo real, os alunos têm a possibilidade de reflectir e fundamentar as suas intervenções, sendo mais cuidadas, o que favorece a aprendizagem. Assim, a assincronia é uma mais-valia nos ambientes online, sendo que “a sincronia constitui uma dificuldade da educação presencial que o ensino online permite ultrapassar” (Quintas-Mendes et al., 2008, p. 107). Numa comunidade virtual de aprendizagem, os alunos ao não participarem ou participarem pouco nas actividades significa que não se tornam visíveis, isto é, não se integram na comunidade de aprendizagem em questão. O aluno virtual adopta uma identidade e adquire o sentimento de pertença a um grupo ao participar nos fóruns, chats, etc.

A interacção com os media do conhecimento provoca uma interacção profunda com a representação do conhecimento, o que origina diferentes dinâmicas de relação entre as pessoas e entre estas e o conhecimento. Neste âmbito, os media interactivos são um ambiente benéfico ao desenvolvimento de processos de cognição, a rede de ligações hipertextuais da informação possibilita que o aluno adquira flexibilidade cognitiva, que estabeleça novas relações e que expanda e complexifique a sua rede semântica.

Deste modo, a criação de comunidades de aprendizagem têm um enorme potencial pedagógico do ensino online pois estas agregam e interligam a dimensão cognitiva e a dimensão social, que são essenciais no desenvolvimento e construção de aprendizagem colaborativa. Actualmente, tem-se assistido ao surgimento de alguns modelos que pretendem orientar a concepção, o desenvolvimento e a implementação da educação online (Mason, 1998; Duart & Sangrà, 2000; Garrison, 2000; Anderson & Elloumi, 2004; Pereira et al., 2003; 2006; 2007) devido à exigência que esta e que as comunidades virtuais de aprendizagem fazem para que se desenvolva uma pedagogia específica. E assiste-se também a uma enorme vitalidade do pensamento pedagógico no contexto da educação online, na busca do imenso capital de saber construído e de integrar as ferramentas e possibilidades que as novas tecnologias em rede facultam no progresso e alcance da aprendizagem. Assim, a tecnologia é um meio e não um princípio definidor da aprendizagem.


Referência consultada: Amante, L., Mendes, A. Q., Morgado, L., Pereira, A. (2008). Novos contextos de aprendizagem e educação online. Revista Portuguesa de Pedagogia, 42, 3 (pp. 99-119).

Resumo do capítulo "Exigências para o professor e para o aluno no século XXI", do livro "Proposta de um modelo de integração das TIC"

Titulos e subtítulos:

Exigências para o professor e para o aluno no século XXI

- O professor como orientador da aprendizagem

- O aluno como construtor do seu conhecimento

- Aprendizagem cooperativa e colaborativa

A Internet em contexto educativo

- Ferramentas de comunicação

- Publicação Online

Num mundo onde a mudança é constante, o conhecimento descontextualiza-se e desactualiza-se velozmente e a educação deve ter como objectivo a formação de cidadãos, capazes de saber, saber - ser, saber - fazer e saber - conviver. Assim, põe-se em questão qual o papel que cabe à escola numa Sociedade de Informação e do Conhecimento, ou seja, na sociedade de aprendizagem.

Nos últimos anos temo-nos deparado com o compromisso dos governos em apetrechar as escolas do ensino básico e secundário com recursos tecnológicos e que vêm na Web um serviço de grande utilidade pública, instituindo assim uma nova ordem pedagógica visando o desenvolvimento curricular e a inovação. Com a complexidade da actual sociedade é exigido à escola que acompanhe os novos ritmos de transformação, sendo nesse sentido que emerge a reorganização curricular do ensino básico, surgindo um novo paradigma educacional.

Os actuais alunos das escolas são a primeira geração que nascem rodeados de inúmeros dispositivos tecnológicos em casa e esta “familiaridade com as novas tecnologias de informação e de comunicação exercem um forte impacto na sociedade a que a escola não se pode alhear” (Cruz, 2009, p. 11). E contrariamente ao que se vivencia fora do contexto escolar, as novas tecnologias que têm sido instituídas nas escolas são numa sala/laboratório de informação, num espaço próprio. Assim, a escola poderia aproveitar a atracção que os jovens têm relativamente às novas tecnologias para integrar outras aprendizagens. Apesar de existirem referências claras relativamente à utilização das tecnologias de informação e comunicação no currículo prescrito, a sua integração no processo de aprendizagem não é precisa.

A Internet é uma mais-valia para a aprendizagem e deve ser valorizada pelos professores pois estes têm que se mentalizar sobre o facto de os alunos aprenderem com as novas tecnologias e, assim, há a necessidade de reestruturarem o modo de ensino. É, por isso, importante que os professores detenham formação que lhes proporcione alguma preparação para as tecnologias do futuro, de modo a que as tecnologias sejam integradas no processo de aprendizagem.

Jonassen (2007) afirma que os computadores são meios que desenvolvem a construção do conhecimento, sendo que estes podem ser usados como ferramentas de produtividade, auxiliando o aluno nas tarefas do dia-a-dia com o processador de texto, folha de cálculo, apresentações electrónicas, etc; de utilização de informação, que só permite ao aluno aprender se o uso da Web ou do e-mail for contextualizado e se os objectivos estiverem bem delimitados; e ferramentas cognitivas, possibilitando uma construção significativa do conhecimento.

As TIC podem contribuir fortemente na melhoria dos ambientes de aprendizagem, concebendo a Escola como espaço da construção individual e social e permitindo aos alunos aprenderem para si e para os outros. A evolução das novas tecnologias e os recursos disponíveis têm permitido que surjam experiências e práticas pedagógicas sustentadas na elaboração de portefólios digitais de aprendizagem, sendo um registo digital sistemático e duradouro das experiências de aprendizagem dos alunos e encontrando-se à disposição na Web, este torna-se público e permite partilhar saberes, trabalhar colaborativamente com outros alunos e professores, a nível nacional e internacional. Rompendo com os limites tradicionais da aprendizagem e do currículo, é inadiável que os professores se tornem cientes das potencialidades das novas tecnologias de informação e comunicação, procurando utilizar a tecnologia nas suas práticas curriculares como um recurso promotor de aprendizagens genuínas e significativas.

As tecnologias de informação e comunicação devem ser utilizadas em interacções de carácter multidireccional, o que incita à criação de novos métodos, novas dinâmicas e novos papéis por parte dos diversos intervenientes.

Nos últimos anos, tem sido evidente a criação pelos professores de sites que operam como apoio aos alunos, estes incluem planificações, sumários, apontadores para sites interessantes sobre diferentes temáticas, actividades a desenvolver como WebQuest e também podem integrar ferramentas colaborativas, como por exemplo, o blogue, podcast, wiki, fórum e chat. É importante evidenciar que é fundamental que haja um trabalho colaborativo entre os professores.


Exigências para o professor e para o aluno no século XXI

-O professor como orientador da aprendizagem

No século XXI, o professor assume o papel de orientador da aprendizagem e o aluno desempenha o papel de construtor do seu próprio conhecimento, relativamente a aprender a aprender e à autonomia na aprendizagem.

Contrariamente ao papel decisivo que o professor sempre desempenhou no desenvolvimento das capacidades cognitivas dos alunos, com o surgimento das novas tecnologias, o seu papel altera-se e começa a assumir um papel mais passivo no processo de ensino, como orientador da aprendizagem/moderador no conhecimento construído pelos alunos. Tal como refere Bottino (2000), as aplicações informáticas evoluíram para o paradigma participativo onde o aluno está em permanente interacção social com o meio (construtivismo comunal), reconhecendo a ligação entre o contexto social e a construção do conhecimento. Assim, o professor deve guiar os seus alunos para o desenvolvimento de competências que podem ser promovidas pela literacia digital, permitindo “aos alunos integrarem-se na sociedade de informação uma vez que vão procurar, aceder, avaliar, integrar e partilhar a informação com que contactam. Este modo de lidar com os media permite ao aluno conhecê-los e ter sobre eles um espírito crítico” (Cruz, 2009, p. 36).

Os professores actuam assim como catalisadores da sociedade do conhecimento e, neste sentido, Hargreaves (2003) refere que o professor deve: fomentar uma aprendizagem cognitiva aprofundada; ensinar de modo diferente da que foi ensinado; esforçar-se por uma aprendizagem profissional contínua; reconhecer aos pais o papel de parceiros na aprendizagem dos alunos, trabalhando em equipas colegiais; ter por base e desenvolver a inteligência colectiva; e, por fim, construir a capacidade de transformação e de risco acreditando nos processos (p. 45). Para uma efectiva integração da tecnologia, é necessário um domínio instrumental (domínio técnico), uma dimensão cognitiva (capacidade de utilizar a informação adequadamente), uma dimensão atitudinal (referente a atitudes e valores) e uma dimensão política (consciencialização da importância das tecnologias).

Deste modo, é indispensável enriquecer os docentes de instrumentos psicopedagógicos apropriados “para enfrentar uma população escolar com diversidade de interesses, necessidades e capacidades” (Pedró, 1998 in Cruz, 2009, p. 39). Assim, são essenciais novos ambientes de aprendizagem que possibilitem uma abordagem construtivista, onde o aluno é o centro do processo e tem um papel mais activo – uma prática pedagógica que assenta o aluno e as suas aspirações de aprendizagem em primeiro plano -, sendo-lhe imposto a procura, selecção, processamento e assimilação de toda a informação. Sendo que as opções do docente actuam na predisposição do aluno para aprender e construir conhecimentos, então, deve ser dada a oportunidade aos alunos de aprenderem com prazer. Nesse sentido, compete aos professores (profissionais que devem ser capazes de trabalhar com todos os recursos disponíveis) que preparem as suas aulas partindo do pretexto de que a maioria dos alunos são hoje nativos digitais. Tarefa que, actualmente, é facilitada pelas inúmeras ferramentas e recursos disponíveis online e pelas “inúmeras possibilidades didáctico-pedagógicas dos espaços do conhecimento e em especial do ciberespaço” (Silva, 2005, p. 46), sendo uma mais-valia para as aulas.

Em suma e como afirma Cruz (2009), “Em pleno século XXI, a utilização dos novos meios tecnológicos urge que ocorra na sala de aula. O seu uso culminará num ensino mais produtivo e numa aprendizagem mais eficaz quer quanto aos conteúdos, quer quanto às competências que hoje são exigidas aos indivíduos que se querem integrar na sociedade em constante mutação face às novas realidades que a World Wide Web apresenta, nomeadamente, enquanto geradora de redes sociais” (p. 40). Assim, tal como é o objectivo da UNESCO com o projecto ICT Competency Standards for Teachers, o correcto uso das TIC na educação poderá contribuir para o desenvolvimento económico dos países, reduzindo a sua pobreza e as desigualdades sociais.


-O aluno como construtor do seu conhecimento

No século XXI, os alunos são encarados como os arquitectos e construtores do seu próprio conhecimento, e quando a aprendizagem se relaciona para fora do contexto escolar e se assemelha ao quotidiano e às vivências da vida real, esta aprendizagem pode ser mais eficaz, construindo-se sobre as necessidades e interesses dos alunos. Assim, é fundamental que se organizem contextos educativos que estimulem aprendizagens significativas.

Tal como Delors (1996) afirma, as aprendizagens fundamentais como o aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver em sociedade e aprender a ser são os quatro pilares do conhecimento e, por isso, os alunos têm que ser competentes, autónomos e polivalentes, capazes de transferir os seus conhecimentos para contextos diferentes e de resolver novas situações.


-Aprendizagem cooperativa e colaborativa

Com o objectivo de que os alunos interajam entre si é importante que as actividades propostas exijam um elevado nível de colaboração entre os alunos.

É imprescindível referir que quando se fala em trabalho cooperativo e trabalho colaborativo, estes termos não são sinónimos, contudo ambos os conceitos partilham o sentido de “trabalhar com alguém”.

Numa perspectiva cooperativa, os membros do grupo dividem as tarefas solicitadas e a realização de cada uma é realizada individualmente, sendo que o resultado final do trabalho será a soma das diferentes partes e não um trabalho estruturado como fruto da participação de todos os elementos do grupo, não existe colaboração. Segundo Freitas & Freitas (2003) as componentes que estruturam a aprendizagem cooperativa são: interdependência positiva, interacção face a face, responsabilização individual, uso apropriado de competências interpessoais, e avaliação do desempenho do trabalho de grupo. Ainda segundo os autores mencionados anteriormente, a noção de aprendizagem cooperativa cobre “um número bastante vasto de estratégias, servidas por técnicas adequadas, que podem ser utilizadas em vários níveis de escolaridade” (Freitas & Freitas, 2003, p. 21). E existem diversas estratégias para a promoção deste tipo de aprendizagem, como: a aprendizagem cooperativa propriamente dita, o trabalho em pares e a colaboração entre pares. Para terminar, é de destacar que a aprendizagem cooperativa é recurso eficaz quando se trata da diversidade dos elementos do grupo pois esta aprendizagem é uma metodologia que muda as diferenças entre os alunos num elemento positivo.

Quanto à perspectiva colaborativa, todos os membros do grupo realizam em conjunto as tarefas propostas, partilhando ideias, promovendo a socialização e desenvolvendo competências interpessoais. O conceito de aprendizagem colaborativa é, ainda, um termo recente e que surge, principalmente, devido ao ensino à distância. Embora a definição do conceito não reúna um pleno consenso, Dillenbourg (2003) define-a como sendo uma situação em que duas ou mais pessoas aprendem ou aprendem a aprender em conjunto, podendo ser numa interacção frente a frente, por computador, síncrona ou assíncrona. Assim, os alunos ao trabalharem em equipa, não são unicamente responsáveis pela sua própria aprendizagem mas também responsáveis pela aprendizagem dos restantes elementos do grupo. Os alunos ao trabalharem colaborativamente atingem níveis mais altos de pensamento, retém mais informação do que os alunos que trabalham individualmente e o bom resultado no trabalho de equipa provém da contribuição individual de cada membro do grupo. A aprendizagem colaborativa pode também ser definida como “o trabalho que se faz com outros para o alcance de um objectivo comum” (Walker & Daniels, 1997 in Cruz, 2009, p. 57), onde a negociação, partilha de argumentos e a discussão de ideias ocorrem naturalmente, exigindo, por isso, um diálogo. Os alunos trabalham em conjunto para maximizar a sua aprendizagem e a dos seus pares, onde a comunicação é inevitável. O conjunto de oportunidade disponíveis perante o professor para fomentar actividades que permitam o trabalho colaborativo aumentaram, e sobretudo devido aos recursos e às ferramentas que a Web 2.0 veio oferecer, permitindo a formação de verdadeiras comunidades de aprendizagem. Estas comunidades devem ser compreendidas como espaços onde se procura o equilíbrio entre as necessidades sociais e individuais, apoiando na produção de um conhecimento mais intenso. Autores como Arhar & Buck (2000) e Bruce & Easley (2000) afirmam que a abordagem colaborativa é a forma mais eficiente e enriquecedora de aprender. Com a crescente presença das tecnologias na escola, e nomeadamente o computador, a promoção da aprendizagem colaborativa passou a ser algo natural pois em redor do computador, os alunos podem discutir ideias, partilhar posições e construir em conjunto. Deste modo, este tipo de aprendizagem pode ser executada por todos os professores e em todas as disciplinas, entendendo-se a aprendizagem como um processo activo e construtivo onde os alunos para aprenderem nova informação necessitam de trabalhar activamente e de integrar o novo conhecimento com o que já possuíam anteriormente ou reorganizá-lo.


A Internet em contexto educativo

-Ferramentas de Comunicação

Dentro das ferramentas de comunicação existem dois tipos, a comunicação assíncrona e a comunicação síncrona. A comunicação assíncrona é feita através da partilha de documentos na Web (e-mail, mailing lists, os newsgroups, fóruns).

Os fóruns são uma ferramenta muito utilizada em contexto educativo, particularmente pelos professores que usam plataformas como o Moodle, onde pretendem que os alunos debatam assuntos e deixem os seus comentários, para que posteriormente sejam comentados por outros utilizadores. Os fóruns podem se utilizados, também, como um espaço de reflexão, onde os alunos podem lançar questões, levantar problemáticas.

No entanto, os jovens de hoje, cresceram com a internet e muitas das ferramentas assíncronas, trata-se de meios de comunicação antigos. Hoje em dia, estes utilizam com maior frequência serviços como o MSN, Skype e freecall.

Estas ferramentas de comunicação síncrona, ou comunicação em linha, estão disponibilizadas na Web, sendo que o MSN é a ferramenta mais utilizada em Portugal.

Estas ferramentas possibilitam a comunicação em grupo ou individual, em tempo real, o que por vezes é uma mais-valia na aprendizagem, pois permitem um esclarecimento imediato, tirando uma dúvida momentânea.

Os jovens preferem, assim, a utilização das ferramentas síncronas, pois para além de colmatar as suas dúvidas em tempo real, podem ainda comunicar através do serviço de videoconferência, estabelecendo uma comunicação com som e imagem.

Este sistema de videoconferência apresenta uma série de vantagens que têm que ser levadas em consideração: para além de representar uma economia de tempo, representa também uma economia de custos e é uma ferramenta de fácil utilização.

O ensino pode tirar partido destas ferramentas, pois através de intercâmbios com alunos de diferentes escolas dentro ou fora do país onde os alunos entram em contacto, trocam experiências, desenvolvem competências e interagem uns com os outros.

Para que tal aconteça, e de forma a que os alunos não olhem para a videoconferência como uma forma de entretenimento, os professores têm que propiciarem um ambiente criativo, cooperativo, utilizando ao máximo as qualidades (ou defeitos) que a tecnologia oferece.

A utilização dos Web sites em sala de aula é encarada das seguintes formas: como ferramenta para trazer o mundo para a sala de aula (permite o acesso a numerosas fontes de informação) e como ferramenta para suportar actividades na aula (possibilidade de gerir informação, tais como projectos elaborados pelos estudantes, orientados para a tecnologia, design, etc. e ainda, a possibilidade de criar suportes inovadores para a prática lectiva das aulas);

Como ferramenta para abrir a aula ao mundo (fácil publicação dos materiais, possibilitando o contacto com outros educadores e outros estudantes).

Pode verificar-se, assim, que a tecnologia é considerada uma ferramenta que nos dias de hoje se torna indispensável na prática de ensino – aprendizagem.


-Publicação Online

De todos os serviços proporcionados pela Internet, a Web 2.0 possibilita a promoção de competências relacionadas com o tratamento e manipulação de informação, contribuindo assim para atitudes como a cooperação, a colaboração e a partilha, estabelecendo uma nova geração: a dos “consumidores e produtores conscientes de informação para a Web”.

Por outro lado, podemos deparar-nos com as ferramentas existentes na Web 2.0 e que podem ser utilizadas dentro da sala de aula. Com a ajuda destas ditas ferramentas a facilidade de publicação de informação, em contexto online torna-se uma realidade. Autores como Carvalho (2007) e Cruz & Carvalho (2006) alertam para o facto dos alunos, ao verem publicados os seus trabalhos na Web, empenham-se mais e com maior satisfação nas tarefas propostas pelo docente, uma vez que se sentem orgulhosos dos resultados que produzem. Assim, e por estarem online, os alunos sentem mais responsabilidade pelos seus trabalhos que, ao estarem disponíveis, podem ver visualizados tanto pelos professores, como pelos pais, encarregados de educação, colegas e ainda por todos aqueles que queiram aceder. Existem ainda a possibilidade de comentar a informação / trabalho produzido, pelos mesmos, através de comentários. No decorrer deste processo, os pais e encarregados de educação deixam de ver a Internet como um espaço de lazer e começam a notar a sua relevância para o contexto de sala de aula. Cabe assim ao professor ponderar todo este processo, cumprindo sempre a missão de desenvolver e preparar cidadãos aptos para “sobreviver” numa sociedade da informação e do conhecimento. É também de salientar o facto de proporcionar aos alunos a utilização de ferramentas gratuitas e de fácil publicação.


Referência consultada: Cruz, S. (2009). Proposta de um modelo de integração das Tecnologias de Informação e Comunicação nas práticas lectivas: o aluno de consumidor crítico a produtor de informação online (pp. 9-61). Universidade do Minho: Instituto de Educação e Psicologia.